O Karatê Dô é mais do que uma técnica de defesa pessoal sem armas, é uma verdadeira arte marcial com alto conteúdo filosófico que busca o aprimoramento do ser humano nos valores morais e espirituais, para que o karateca possa superar quaisquer obstáculos, palpáveis ou não. Cultivar o espírito de humildade e ao mesmo tempo o de força. Esta é a verdadeira essência do Karatê. O Karatê é sim uma arte. Arte de princípios, de integridade, de caráter, de conteúdo e, sobretudo, de refinar os valores morais e espirituais. É a busca incessante da felicidade plena, do coração puro, da abertura espiritual. Um desafio consigo mesmo. O mestre Gichin Funakoshi, considerado o pai do karatê moderno, observou repetidas vezes o propósito máximo desta arte: é o cultivo de um espírito sublime, de um espírito de humildade e ao mesmo tempo, desenvolver uma força capaz de destruir um animal selvagem enfurecido em um único golpe. Por isso, é preciso reconhecer o aspecto espiritual dessa arte de defesa pessoal e dar-lhe a devida importância.
   
       Durante muitos séculos, o ser humano se imaginou o centro do Universo, com a Natureza a sua disposição, e apropriou-se de seus processos, alterou seus ciclos, redefiniu seus espaços, mas acabou deparando-se com uma crise ambiental sem precedentes e que coloca em risco a vida do planeta, inclusive a humana. Atualmente, a falta de espaço para lazer e recreação faz com que os jovens fiquem ociosos ou escolham como exemplo de vida a ilusória imagem de uma personalidade das redes sociais, trazendo assim, grande inquietude e tendencia ao uso de drogas. O treino de karatê exige uma maneira original e flexível de pensar e muita capacidade criativa. É uma maneira de reconstruir a relação ser humano/Natureza em outros termos, a partir do fortalecimento do caráter, desenvolvimento do sentido de esforço e do respeito acima de tudo.

         Embora existam jovens fortes, há alguns cujo caráter é questionado pois não aderem a métodos de treino adequados com suas respectivas regras, estando apenas preocupados com a vitória ou em bater em seus oponentes. Esse tipo de pessoa geralmente é pouco desenvolvida emocionalmente e representam uma ameaça real para aqueles com menor força física. Sem a moldura adequada da mente e da prática da disciplina do treino (método), há o risco dos alunos seguirem nesta direção errônea. Surge, então, a importância de se ensinar o controle do instinto de agressão, cuja energia extrapolada é canalizada para um caminho de construção e realização. Em oposição psicológica, há casos em que deve-se quebrar a manutenção de um temperamento retraído no convívio social (timidez, evitar confrontos, esconder-se, etc) ensinando o desenvolvimento do sentido de esforço e o autoconhecimento para elevar a confiança. Em circunstâncias normais, as pessoas com força interior (que conhecem seu centro real - tandem - já passaram por várias superações), prosperam naturalmente levando-o a um ser humano autoconfiante, de bom coração, e, por extensão manifesta bondade com os outros. É esse tipo de pessoa que é verdadeiramente forte, que não sente a necessidade de provocação ou de exibir sua força.

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         Em relação à prática pelo sexo feminino, há ainda mitos a serem superados. Muito embora esta arte marcial tenha se originado em um contexto patriarcal, esposas de samurais (guerreiros japoneses) eram exímias arqueiras, espadachins, guerreiras que não só ensinavam suas filhas a se defender propiramente, como chegavam a utilizar lenços, pentes, palitos de cabelo, talheres, entre outros para anular seus opressores e com êxito. Atualmente, o Karatê Dô vem sendo amplamente praticado por mulheres que visam a defesa pessoal, muito difundida já, mas também para conseguir autoconfiança, encontrar seu poder pessoal e a consequente melhora na autoestima.